quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Strawberry Fields Forever


Let me take you down
'Cause I'm going to strawberry fields
Nothing is real
And nothing to get hung about
Strawberry fields forever

Living is easy with eyes closed
Misunderstanding all you see
It's getting hard to be someone
But it all works out
It doesn't matter much to me

Let me take you down
'Cause I'm going to strawberry fields.
Nothing is real
And nothing to get hung about
Strawberry fields forever

No one I think is in my tree
I mean, it must be high or low
That is, you can't, you know, tune in
But it's all right
That is, I think it's not too bad

Let me take you down
'Cause I'm going to strawberry fields
Nothing is real
And nothing to get hung about
Strawberry fields forever

Always, no sometimes, think it's me
But you know I know when it's a dream
I think I know I mean a yes
But it's all wrong
That is I think I disagree

Let me take you down
'Cause I'm going to strawberry fields
Nothing is real
And nothing to get hung about
Strawberry fields forever
Strawberry fields forever
Strawberry fields forever




quinta-feira, 9 de outubro de 2014

The Long and Winding Road

The Long and Winding Road
That leads to your door
Will never disappear
I've seen that road before
It always leads me here
Lead me to your door

The wild and windy night
That the rain washed away
Has left a pool of tears
Crying for the day
Why leave me standing here
Let me know the way

Many times I've been alone
And many times I've cried
Anyway you'll never know
The many ways I've tried

But still they lead me back
to the Long Winding Road
You left me standing here
A long long time ago
Don't leave me waiting here
Lead me to your door

But still they lead me back
To the long winding road
You left me standing here
A long time ago
Don't keep me waiting here
Lead me to your door

Essa é para se ouvir de joelhos...

terça-feira, 7 de outubro de 2014

The Universal - Blur



This is the next century
Where the universals free
You can find it anywhere
Yes the future's been sold
Every night we're gone
And to Karaoke songs
How we like to sing along
Though the words are wrong

It really really really could happen
Yes it really really really could happen
When the days they seem to fall through you
Just let them go

No one here is alone
Satellites in every home
Yes the universals here
Here for everyone
Every paper that you read
Says tomorrow your lucky day
Well here's your lucky day

It really really really could happen
Yes it really really really could happen
When the days they seem to fall through you
Just let them go

Well it really really really could happen
Yes it really really really could happen
When the days they seem to fall through you
Just let them go

Just let them go

Just let them go

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Perfect day

Just a perfect day
Drink sangria in the park
And then later when it gets dark
We go home

Just a perfect day
Feed animals in the zoo
Then later a movie too
And then home

Oh, it's such a perfect day
I'm glad I spent it with you
Oh, such a perfect day
You just keep me hanging on
You just keep me hanging on

Just a perfect day
Problems all left alone
Weekenders on our own
It's such fun

Just a perfect day
You made me forget myself
I thought I was someone else
Someone good

Oh, it's such a perfect day
I'm glad I spent it with you
Oh, such a perfect day
You just keep me hanging on
You just keep me hanging on

You're going to reap just what you sow
You're going to reap just what you sow
You're going to reap just what you sow
You're going to reap just what you sow
---------------

Lou Reed

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

o passado




http://mentirinhas.com.br/

domingo, 31 de agosto de 2014

sejamos...

Segue o teu destino, 
Rega as tuas plantas, 
Ama as tuas rosas. 
O resto é a sombra 
De árvores alheias.
A realidade 
Sempre é mais ou menos 
Do que nos queremos. 
Só nós somos sempre 
Iguais a nós-proprios.
Suave é viver só. 
Grande e nobre é sempre 
Viver simplesmente. 
Deixa a dor nas aras 
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida. 
Nunca a interrogues. 
Ela nada pode 
Dizer-te. A resposta 
Está além dos deuses.
Mas serenamente 
Imita o Olimpo 
No teu coração. 
Os deuses são deuses 
Porque não se pensam.

Ricardo Reis, em "Odes" 
(Heterónimo de Fernando Pessoa)

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O Lobo da Estepe


...Era uma vez um certo Harry, chamado o Lobo da Estepe. Andava sobre duas pernas, usava roupas e era um homem, mas não obstante era também um lobo das estepes. Havia aprendido uma boa parte de tudo quanto as pessoas de bom entendimento podem aprender,e era bastante ponderado. O que não havia aprendido, entretanto, era o seguinte: estar contente consigo e com sua própria vida. Era incapaz disso, daí ser um homem descontente. Isso provinha, decerto, do fato de que, no fundo de seu coração, sabia sempre (ou julgava saber) que não era realmente um homem e sim um lobo das estepes. As pessoas argutas poderão discutir a propósito de ser ele realmente um lobo, de ter sido transformado, talvez antes seu nascimento, de lobo em ser humano, ou de ter nascido homem, porém dotado de alma de lobo ou por ela dominado ou, finalmente, indagar se essa crença de que ele era um lobo não passava de um produto de sua imaginação ou de um estado patológico. É admissível, por exemplo, que, em sua infância, fosse rebelde, desobediente e anárquico, o que teria levado seus educadores a tentar combater a fera que havia nele, dando ensejo assim a que se formasse em sua imaginação a ideia e crença de que era, realmente, um animal selvagem,coberto apenas com um ténue verniz de civilização. A esse propósito poder-se-iam tecer longas considerações e até mesmo escrever, livros; mas isso de nada valeria ao Lobo da Estepe, pois para ele era indiferente saber se o lobo se havia introduzido nele por encantamento, à força de pancada ou se era apenas uma fantasia de seu espírito. O que os outros pudessem pensar a este respeito ou até mesmo o que ele próprio pudesse pensar, em nada o afetaria, nem conseguiria afetar o lobo que morava em seu interior.
 
O Lobo da Estepe tinha, portanto, duas naturezas, uma de homem e outra de lobo; tal era o seu destino, e nem por isso tão singular e raro. Deve haver muitos homens que tenham em si muito de cão ou de raposa, de peixe ou de serpente sem que com isso experimentem maiores dificuldades. Em tais casos, o homem e o peixe ou o homem e a raposa convivem normalmente e nenhum causa ao outro qualquer da no; ao contrário, um ajuda o outro, e muito
homem há que levou essa condição a tais extremos a ponto de dever sua felicidade mais àraposa ou ao macaco que nele havia, do que ao próprio homem. Tais fatos são bastante conhecidos. No caso de Harry, entretanto, o caso diferia: nele o homem e o lobo não caminhavam juntos, nem sequer se ajudavam mutuamente, mas permaneciam em contínua e mortal inimizade e um vivia apenas para causar dano ao outro, e quando há dois inimigos mortais num mesmo sangue e na mesma alma, então a vida é uma desgraça. Bem, cada qual tem seu fado, e nenhum deles é leve. 
 
 Com nosso Lobo da Estepe sucedia que, em sua cons-ciência, vivia ora como lobo, ora como homem, como acontece aliás com todos os seres mistos. Ocorre, entretanto, que quando vivia como lobo, o homem nele permanecia como espectador, sempre à espera de interferir e condenar, e quando vivia como homem, o lobo procedia de maneira semelhante. Por exemplo, se Harry, como homem, tivesse um pensamento belo, experimentasse uma sensação nobre e delicada, ou praticasse uma das chamadas bo as ações, então o lobo, em seu interior, arreganhava os dentes e ria e mostrava-lhe com amarga ironia o quão ridícula era aquela nobre encenação aos seus olhos de fera, aos olhos de ura lobo que sabia muito bem em seu coração o que lhe convinha, ou seja, caminhar sozinho nas estepes, beber sangue vez por outra ou perseguir alguma loba. Toda ação humana parecia, pois, aos olhos do lobo horrivelmente absurda e despropositada, estúpida e vã. Mas sucedia exatamente o mesmo quando Harry sentia e se comportava como lobo, quando arreganhava os dentes aos outros, quando sentia ódio e inimizade a todos os seres humanos e a seus mentirosos e degenerados hábitos e costumes. Precisamente aí era que a parte humana existente nele se punha a espreitar o lobo, chamava-o de besta e de fera e o lançava a perder, amargurando-lhe toda a satisfação de sua saudável e simples natureza lupina.
Era isso o que ocorria ao Lobo da Estepe, e pode-se perfeitamente imaginar que Harry não levasse de todo uma vida agradável e feliz. Isto não quer dizer, entretanto, que sua infelicidade fosse por demais singular (embora assim lhe pudesse parecer, da mesma forma como qualquer pessoa toma o sofrimento que se abate sobre ela como sendo o maior do mundo). Isso não pode ser dito a propósito de ninguém. Mesmo aquele que não tem em seu interior um lobo, nem por isso pode ser considerado mais feliz. E mesmo a mais infeliz das existências tem os seus momentos luminosos e suas pequenas flores de ventura a brotar entre a areia e as pedras. Assim acontecia também com o Lobo da Estepe. Não se pode negar que fosse, em geral, muito infeliz, e podia também fazer os outros infelizes, especialmente quando os queria ou era por eles estimado. Pois todos os que com ele se deram viram apenas uma das partes de seu ser. Muitos o estimaram por ser uma pessoa inteligente, refinada e arguta, e mostraram-se horrorizados e desapontados quando descobriam o lobo que morava nele. E assim tinha de ser pois Harry, como toda pessoa sensível, queria ser amado como um todo e, portanto, era exatamente com aqueles cujo amor lhe era mais precioso que ele não podia de maneira alguma encobrir ou perjurar o lobo.
Havia outros, todavia, que amavam nele exatamente o lobo, o livre, o selvagem, o indómito, o perigoso e o forte, e estes achavam profundamente decepcionante e de plorável quando o selvagem e perverso se transformava em homem, e mostrava anseios de bondade e refinamento, gostava de ouvir Mo-zart, de ler poesia e acalentar ideais humanos. Em geral, estes se mostravam mais desapontados e irritados do que os outros, e dessa forma o Lobo da Estepe levava sua própria natureza dual e discordante aos destinos alheios toda vez que entrava em contato com as pessoas.
Quem, entretanto, imaginar que conhece o Lobo da Estepe e pode analisar sua existência lamentavelmente dividida, incorrerá, sem dúvida, em erro, pois ainda não sabe tudo. Não sabe
que (como não há regra sem exceção e como um simples pecador em certas circunstâncias pode ser mais querido a Deus do que noventa e nove justos) Harry também conhecia de quando em vez exceções e momentos ditosos em que, tanto o lobo quanto o homem podiam respirar, pensar e sentir em harmonia, e mesmo em raras ocasiões estabelecer a paz e viver um
para o outro de tal forma que não apenas um vigiava enquanto o outro dormia, mas também se fortaleciam ambos e cada um duplicava a energia do outro. Também na vida desse homem parecia, como em todas as panes do mundo, que o costumeiro, o consuetudinário, o conhecido
e o normal tinham simplesmente por objeto permitir de quando em quando a pausa de um segundo de duração para dar lugar ao extraordinário, ao milagroso, à graça. Se tais curtas e raras horas de ventura compensavam e dulcifícavam a triste sina do Lobo da Estepe, de forma que a felicidade e a desventura viessem a equilibrar-se finalmente na balança, ou se, talvez, este breve mas intenso usufruir daquelas poucas horas compensava todo o sofrimento e deixava um saldo favorável de alegria, é uma questão sobre a qual podem meditar as pessoas ociosas a seu talante. Também o Lobo meditava muito sobre isso, em seus dias mais ociosos e inúteis.
A esse propósito há que acrescentar algo. 
Muita gente existe que se assemelha a Harry; especialmente muitos artistas pertencem a essa classe de homens. Todas essas pessoas têm duas almas, dois seres em seu interior; há neles uma parte divina e uma satânica, há sangue materno e paterno, há capacidade para a ventura e para a desgraça, tão contrapostas e hostis como eram o lobo e o homem dentro de Harry. E esses homens, para os quais a vida não oferece repouso, experimentam às vezes, em seus raros momentos de felicidade, tanta força e tão indizível beleza, a espuma do instante de ventura emerge às vezes tão alta e deslumbradora sobre o mar da dor, que sua luz, espargindo radiância, vai atingir a outros com o seu encantamento. A isto se devem, a essa preciosa e momentânea espuma sobre o mar do sofrimento, todas aquelas obras artísticas em que o homem solitário e sofredor se eleva por uma hora tão alto sobre o seu próprio destino, que sua felicidade brilha como uma estrela, e parecem a todos os que a vêem como algo eterno e como se fosse seu próprio sonho deventura. Todas essas pessoas, sejam quais forem seus atos e obras, não têm propriamente uma vida, ou seja, sua vida carece de essência e de forma, não são heróis, nem artistas, nem pensadores da maneira como os demais homens são juizes, doutores, sapateiros ou mestres; sua existência é um movimento de fluxo e refluxo, está infeliz e dolorosamente partida e é sinistra e insensata, se não estivermos propensos a ver um sentido precisamente naqueles raros acontecimentos, ações, pensamentos e obras que brilham às vezes sobre o caos de semelhante vida. Entre os homens dessa espécie surgiu o perigoso e terrível pensamento de que, talvez, toda a vida do homem não passa de um espantoso erro, de um aborto brutal da mãe primeva, um cruel e selvagem intento frustrado da Natureza. Mas entre eles surgiu também a ideia de que o homem talvez não seja apenas um animal dotado de razão, mas o filho de Deus destinado à imortalidade.
Cada espécie de homens tem suas características, seus aspectos, seus vícios e virtudes e seus pecados mortais. Um dos signos do Lobo da Estepe era o de ser um noctívago. A manhã era para ele a pior parte do dia, causava-lhe temor e nunca lhe trouxera nada de bom. Nunca fora alegre em qualquer manhã de sua vida, nunca fize ra nada de bom na primeira metade do dia, não tivera boas ideias, nem divisara nenhuma alegria para ele ou para os demais. Ao começar a tarde, ia reagindo lentamente, principiava a se animar e, ao cair da noite, em seus melhores dias, tornava-se frutífero, ativo e, às vezes, até brilhante e alegre. Disso decorria sua necessidade de isolamento e de independência.
Nunca existira um homem com tão profunda e apaixonada necessidade de independência como ele. Em sua juventude, quando ainda era pobre e tinha dificuldades em ganhar a vida, pr
eferia passar fome e andar mal vestido a sacrificar uma parcela de sua independência. Nunca se vendera por dinheiro ou vida fácil às mulheres ou aos poderosos, e mil vezes desprezara o que aos olhos do mundo representa vantagens e regalias, a fim de salvaguardar a sua liberdade. Nenhuma ideia lhe era mais odiosa e terrível do que a de exercer um cargo, submeter-se a horários, obedecer a ordens. Um escritório, uma repartição, uma sala de audiência eram-lhe tão odiosos quanto a morte, e o que de mais espantoso podia imaginar em sonhos seria o confinamento num quartel. Sabia subtrair-se a todas essas coisas, a custo de grandes sacrifícios e nisso residia sua força e virtude, nisso era inflexível e incorruptível, nisso seu caráter era firme e retilí-neo. Só que a essa virtude estavam intimamente ligados seu sofrimento e seu destino. Ocorria a ele o que se dá com todos o que buscava e desejava com um impulso íntimo de seu ser acabava por ser-lhe concedido, mas em grau demasiadamente superior ao que convém a um homem. A princípio, o que obtinha parecia-lhe um sonho e uma satisfação, mas logo se revelava como sendo o seu amargo destino. Assim, o poderoso era arruinado pelo poder, o rico pelo dinheiro, o subserviente pela submissão, o luxuoso pela luxúria. O Lobo da Estepe perecia por sua própria independência. Havia alcançado sua meta, seria sempre independente, ninguém haveria de mandar nele, jamais faria algo para ser agradável aos outros. Só e livre, decidia sobre seus atos e omissões. Pois todo homem forte alcança indefectivelmente o que um verdadeiro impulso lhe ordena buscar. Mas em meio à liberdade alcançada, Harry compreendia de súbito que essa liberdade era a morte, que estava só, que o mundo o deixara em paz de uma inquietante maneira, que ni nguém mais se importava com ele, nem ele próprio, e que se afogava aos poucos numa atmosfera cada vez mais ténue de falta de relações e de isolamento. Havia chegado ao momento em que a solidão e a independência já não eram seu objetivo e seu anseio, mas antes sua condenação e sua sentença. O maravilhoso desejo fora realizado e já não era possível voltar atrás e de nada valia agora abrir os braços cheio de boa vontade e nostalgia, disposto à fraternidade e à vida social. Tinham-no agora deixado só.
Não que fosse motivo de ódio e de repugnância. Pelo contrário, tinha muitos amigos. Um grande número de pessoas o apreciava. Mas tudo não passava de simpatia e cordialidade; recebia convites, presentes, cartas gentis, mas ninguém vinha até ele, ninguém estava disposto
nem era capaz de compartilhar de sua vida.
Agora rodeava-o a atmosfera do solitário, uma atmosfera serena da qual fugia o mundo em se
u redor, deixando-o incapaz de relacionar-se, uma atmosfera contra a qual não podia prevalecer nem a vontade nem o ardente desejo. Esta era uma das características mais significativas de sua vida.
 
...
 
(trecho de O Lobo da Estepe - Hermann Hesse)
 
 
 
 

terça-feira, 6 de maio de 2014

Bate estaca


Muito foda. Fui leitor assíduo da Bizz, não exatamente nos anos 80, ali eu ainda empinava pipa e jogava bolinha de gude, mas nos anos 90, fui atrás de todas as edições antigas (quanto valeria minha coleção hoje? Nada? Muito?) e descobri um leque infinito de bandas e artistas que nem sonhava existir. Um mundo novo e incrível para um rapaz franzino e tímido. E as Bizz e meu quarto se tornaram minha bíblia e meu santuário. Bauhaus, The Cure, Joy Division, Cabaret Voltaire, The Fall, Killing Joke, R.E.M, Smiths...

O Camilo Rocha escrevia por lá. E Pepe Escobar e Ana Maria Bahiana também. Esse últimos, muitas vezes deixavam o texto ainda melhor que os discos e shows que resenhavam....Era uma visão destruidoramente apaixonada e vibrante da música. Vou achar textos antigos deles e postar por aqui e você me diz o que acha...

Enfim, o que eu quero compartilhar hoje é o blog do Camilo Rocha, que achei nestes dias. Como sempre soube que ele é grande fã de Cure, coloquei na busca e me deparei com muitas coisas incríveis...

Algumas:

- Sobre a festa/balada/ocupação de rua Buraco da Minhoca, no túnel embaixo da Praça Rosevelt;
- Sobre as centenas de versões covers de músicas do Kraftwerk;
- Sobre as mais obscuras e influentes bandas dos anos 80;
- Sobre o nascimento de seus filhos e como a VIDA=MÚSICA;
- Sobre Nirvana e sua batalha contra o Circo Rock and Roll;
- Sobre Kubrick, Strangelove e Depeche Mode;
- Sobre como a música pode curar doenças;
- Liquid Liquid.

Tudo isso em 3 páginas.

Vida inteligente na internet gente...Vamos usar para conhecermos mais, descobrirmos mais...Internet não é só facebook e fogueira de vaidades, trolagens e ódios anônimos. Auto adoração, auto promoção...Há infinitas informações relevantes e boas discussões, porque não?

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Inadequado



Me sinto completamente inadequado.
Um patinho feio.
Um torto.

O mundo me tira a cor.
Me tira o som. Me tira o silêncio, o sabor, o canto, o perfume e o tato.
Quer me anestesiar.
Como a todos.
Mas sou como uma cãibra.
Um nervo deslocado.

Mas será que estou tão errado?

Olhemos ao redor.
Quanta ganância, quanto medo, quanta indiferença e violência num mundo tão cheio de regras, leis e dogmas ditos perfeitos.

Tudo pensado por gênios especialistas. Economia, política, fisica, altas tecnologias...

E tudo está apodrecendo...

Com todo mundo assistindo confortavelmente de dentro de seus caros cárceres.

Estou errado de querer diferente disso que vejo? Do que sinto?

Quero ser parte da turma dos poucos e não da dos muitos.

Não quero mais me acinzentar até apagar de tão ofuscado.

E ser inadequado vira uma virtude...








 


Silsi Rock & Tattoo Bar



Silsi Rock e Tattoo Bar. Um bar de rock underground cravado na periferia da Zona Leste de São Paulo. Bairro, Vila Jacuí, que faz parte já de São Miguel Paulista. Então, não é só o pagode, breganejo e funk que faz a cabeça de todos. Lá toca desde Front 242 até Franz Ferdinand. Rammstein ou Weezer. Janis Joplin ou Pixies. Não tem luxo, mas também nenhum lixo. Pelo contrário, só gente querendo conversar. Reparei na última vez que fui lá que ninguém ficava grudado no celular. Aliás, não vi celular em nenhum momento. E até uma poesia recitada tive no ouvido. Assim, de sopetão. Sem ensaio.

E sem ensaio, Tiemi, Ian e eu fomos para lá no sábado com baixo, teclado e violão embaixo do braço.

O que saiu foi isso:

  1. Club America
  2. Plainsong 
  3. Jupiter Crash
  4. Play for today
  5. Push
  6. Pink Dream
  7. Taking Off
  8. Boys Don't Cry
  9. No cars go
  10. The Killing Moon
  11. Evergreen
  12. Cut Here
  13. The Big Hand
  14. Seven Seas
  15. Silver
  16. Lullaby
  17. Why does my heart feel so bad
  18. Hot Hot Hot
  19. A Forest
  20. Fascination Street
  21. Rust
  22. Paranoid Android
  23. Trust
  24. My Hero
  25. Skin and Bones
  26. A Night Like This
  27. 10:15 Saturday Night
  28. Disarm
  29. Landslide
  30. Without you I'm Nothing
  31. End of the world
  32. Want
  33. Where's my mind
  34. Hey!
  35. Love will tear us apart
  36. Atmosphere
  37. Life on Mars?
  38. Doing to unstuck
  39. The First of the gang to Die
  40. Everlong
  41. The Blood
  42. Maybe Someday
  43. The same deep water as you
  44. Closedown
  45. If only tonight we could sleep
  46. Numb
  47. Where the birds always sing
  48. High
  49. It's no good
  50. Hands away
  51. The New
  52. Summers of your youth
  53. From the edge of de deep green sea
Não necessariamente nessa ordem...

PS.: Não tiramos foto. Estávamos todos entretidos com a música.





segunda-feira, 14 de abril de 2014

As coisas mais importantes...



"As coisas mais importantes são as mais difíceis de expressar. São coisas das quais você se envergonha, pois as palavras as diminuem-as palavras reduzem as coisas que pareciam ilimitáveis quando estavam dentro de você à mera dimensão normal quando são reveladas. Mas é mais que isso, não? As coisas mais importantes estão muito perto de onde seu segredo está enterrado, como pontos de referência para um tesouro que seus inimigos adorariam roubar. E você pode fazer revelações que lhe são muito difíceis e as pessoas o olharem de maneira esquisita, sem entender nada do que você disse nem por que eram tão importantes que você quase chorou quando estava falando. Isso é pior, eu acho. Quando o segredo fica trancado lá dentro não por falta de um narrador, mas de alguém que compreenda."


Stephen King - Abertura do conto Outono da Inocência - Livro Quatro Estações

quinta-feira, 27 de março de 2014

Quem tem asas?





"Dê a quem você ama: Asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar."
Dalai lama

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Rubem Alves
 
“Bendito aquele que consegue dar aos seus filhos asas e raízes”, diz um outro provérbio.

quinta-feira, 13 de março de 2014

What are you going to do with your life?

Quem passa na rua e te cumprimenta; quem passa direto; a pressa; o objetivo; quem trabalha com você mas não dá bom dia; aquele senhor que você admira e aquela outra garota que admira você; o rapaz que descobre que está doente; a menina que descobre estar grávida; O pai que tem que tomar uma decisão difícil; a mãe que teme quando o filho sai à noite; o pai que não fala mais com a filha depois que se separou da mãe dela; o filho que culpa o pai pelas dificuldades e fracassos da vida; quem tem 19 anos; quem tem 38 anos; quem tem 57 anos; o pai que sonha que o filho seja advogado; o filho que quer ser desenhista; a filha que foi morar no nordeste com um surfista; seu amigo que faz anos que você não vê; a banda que você descobriu e é uma maravilha; a artista antiga que você descobriu ontem, o filme que te tocou; o escritor que escreve seu 40º livro; o garoto que sonha em lançar seu primeiro livro; o beijo que você ganhou; o beijo que você perdeu; o carro que quebrou e te fez ganhar uma amizade; um olhar risonho trocado no metrô lotado; o vocalista que chorou no palco; a banda que não deu bis porque não quis; o arrepio com um sussuro no ouvido; o medo quando seu filho sobe na árvore; a alegria de salvar um gatinho, a espinha gelada quando o telefone toca de madrugada; o amor da sua vida que você perdeu; o amor da sua vida que você ainda não conheceu; o amor que você tem hoje; os carinhos que ganhou; os carinhos que deu; os carinhos que desperdiçou; a senhorinha velhinha dona da pensão em Paranapiacaba; a turbulência do avião; o livro que fez você mudar de opinião; olhos que se fecharam; olhos que se abrem; quem nasceu; quem morreu; quem adormeceu; o que é difícil de aguentar; o que é preciso; um segundo que não passa; um dia inteiro que voa; um ano fatídico; um ano esquecido; tempo gasto; tempo aproveitado; quem te olhou com desprezo; quem te olhou com ternura; quem fez por birra; quem fez por compaixão; de quem a gente lembra; de quem a gente esqueceu o rosto; quem a gente perdeu contato; quem a gente conheceu ontem; quem te empurra; quem te puxa; travesseiro muito duro; travesseiro muito mole; filme que dá sono; filme que transforma; o que a gente guarda; o que a gente descarta; o avô que não vê o neto; o avô que dança com o neto; as cobranças que te fazem; as cobranças que você faz; o que te emociona e o que te intriga; a curva sinuosa da estrada molhada; as colisões nas ruas; as colisões na vida; os labirintos nos caminhos; o congestionamento das vias; o sangue; os céus; meteoros esbarram em Júpiter; vida em Marte; o que têm no fundo dos oceanos; o que têm embaixo do tapete; além das nebulosas; correndo nas veias; nos nervos; no peito; na mente; o que exala; o que inspira; o que expira; quem busca a paz no dinheiro; quem ganha a paz no coração; a bola que bateu na trave; o parafuso que não estava bem apertado; as lágrimas de alegria e esperança; as de dor; as de desamparo e desesperança; o chão que pisa; o chão que cai; o que a gente pensa quando olha as estrelas; o que a gente sente quando olha a terra; o que a gente enxerga quando fecha os olhos; o que a gente não enxerga quando os abre; os batimentos por minuto; as rotações por segundo; o que é real; o que é fantasia; o medo de não ser capaz; a confiança de ser forte; quem desconfia de você; quem confia em você; de quem você desconfia; o que falta; o que sobra; o que distrai; o que completa; o que abre; o que fecha; o que mata; o que ressuscita; quem tratou as mulheres como objeto e agora tem 4 filhas; quem traiu agora tem ciúmes; quem viu demais e cegou; quem tem olhos e não guia ninguém; quem passou por você e só deixou o perfume em volta; o eixo que saiu do lugar; quem percebeu; quem não percebeu; quem se entregou; quem se rebelou; alguém que você não reparou; a moça que quer casar e ter filhos; a moça que quer ir viver na Europa; quem não gosta de crianças; quem não gosta de cães; quem não gosta de gatos; quem coopera; quem não come cru; quem te ajudou a levantar quando caiu; quem você derrubou; quem você ajudou alevantar; quem te derrubou; o estranho que estendeu a mão a outro estranho; quem deu lugar a quem precisava; quem foi ombro; quem foi bigorna; quem foi balança; para quem você cozinha; quem cozinha para você; quem foi e nunca mais voltou; quem nunca vai em lugar algum; quem parasita; quem voa; quem visita e retorna; Quem anda armado; quem vai na contramão; o amigo que venceu; o amigo que não queria ver ninguém vencendo; quem floresce; quem enraiza; quem nada; quem chafurda; a sala que é pista de dança; a sala que é ringue; o quarto sombrio; o quarto iluminado; quem se afoga; quem prende a respiração; quem fala demais; quem escuta e não ouve;  posição fetal; solidão; quando chega; quando vai; Quem passa na rua e te cumprimenta; quem jogou tudo pro alto; quem pega tudo no alto; quem dividiu a comida; o rapaz que descobre que vai ser pai; a menina que descobre estar doente; O pai que tem que tomar uma decisão difícil; a mãe que teme quando o filho sai à noite; o filho que não fala mais com o pai depois que se separou da mãe; a filha que culpa mãe pelas dificuldades e fracassos da vida; quem tem 7 anos; quem tem 21 anos; quem tem 70 anos; o pai que sonha que o filho seja arquiteto; o filho que quer ser político; a filha que foi morar no sul com um artista; o soco; o afago; o quente; o frio; o certo; o errado; a verdade; o véu; a cortina; a janela; a pessoa desconhecida e fantástica ombro a ombro com você na multidão; o suspiro; a artista na rua, o quadro; a saudade; a história de uma vida; o filme que te tocou; o músico que compos seu 40º álbum; o garoto que sonha em lançar seu primeiro; o beijo que você ganhou; o beijo que você perdeu; o beijo que você deu; o carro que quebrou e te fez ganhar uma amizade; a flor que desabrochou; o ch; o x; o riso gostoso; a lágrima sincera; o ator que chorou no palco; a banda que voltou pro bis; a respiração pesada; o grito libertador; um abraço aconchegante; o medo quando seu filho cresce; o medo quando sua mãe envelhece; a espinha gelada quando o telefone toca de madrugada; o amor da sua vida que você perdeu; o amor da sua vida que você ainda não conheceu; o amor da sua vida que você tem hoje; a ganância; o exemplo; os carinhos que ganhou; os carinhos que deu; os carinhos que achou que desperdiçou; a mão altruista; o golpe por trás; a turbulência do avião; o livro que fez você mudar de opinião; a palavra dita e a não dita; quem cresce; quem encolhe; quem se expande; quem se retrai; olhos que se fecham; olhos que se abrem; quem nasceu; quem morreu; quem adormeceu; o que é difícil de aguentar; o que é preciso aguentar; um segundo que não passa; um dia inteiro que voa; um ano fatídico; o que é importante falar e não precisa porque alguém entendeu; um ano esquecido; tempo gasto; tempo aproveitado; quem te olhou com desprezo; quem te olhou com ternura; o que muda; o que não muda; a corda que arrebentou; quem fez por birra; quem fez por compaixão; de quem a gente lembra; de quem a gente esqueceu o rosto; quem a gente perdeu contato; quem a gente conheceu ontem; quem te empurra; quem te puxa; a corda jogada; a garota que quer se casar; a garota que quer se divorciar; o menino que só quer brincar; o rapaz que descobriu cedo; o velho que que ainda corre atrás do próprio rabo; quem conta até dez; quem espanca quem conta; travesseiro muito duro; travesseiro muito mole; filme que dá sono; filme que transforma; o que a gente guarda; o que a gente descarta; o avô que ensina o neto; o neto que ensina o avô; as cobranças que te fazem; as cobranças que você faz; o que te emociona; o que te intriga; a curva sinuosa da estrada molhada; as colisões nas ruas; as colisões na vida; os labirintos nos caminhos; o congestionamento das vias; o sangue; os céus; pinceladas em Júpiter; vida em Marte; o que têm no fundo dos oceanos; atrás da lua; o que têm embaixo do tapete; além das nebulosas; correndo nas veias; nos nervos; no peito; na mente; o que exala; o que inspira; o que expira; quem anda em linha reta; quem anda em círculos;  quem você alimenta; quem te alimentou; a hora do sono; a hora do despertar; quem busca a paz no dinheiro; quem conquista a paz no coração; a bola que bateu na trave; o parafuso que não estava bem apertado; o que a gente vê quando olha as estrelas; a noite do julgamento; o dia de sol da oportunidade; o que a gente pensa quando olha pro chão; o que a gente enxerga quando fecha os olhos; o que a gente não enxerga quando os abre; o coração acelerado; as rotações por segundo; o que é real; o que é fantasia; o medo de não ser capaz; a confiança de ser forte; o que acende; o que ascende;

 (café da tarde com bolos com a vovó; jogo de damas com o vovô; pega-pega com os primos; a toalha macia que a mamãe traz depois da praia, quando bate um vento frio, sentir os pés na areia, o tempo que passa devagar e nem parece existir, o melhor presente do mundo, as conversas com seu cãozinho, o primeiro beijinho, dormir no colo e ser levado para a cama, passar a manhã assistindo desenhos porque não teve aula - a professora faltou - fazer um gol, aprender a andar de bicibleta sem rodinhas, ralar os joelhos e alguém assoprar para sarar, dividir o lanche com o colega no recreio, acordar tarde no domingo, desenhar, pintar, recortar, colar, rabiscar, contornar, modelar, misturar, empilhar, enfileirar, embrulhar, experimentar, inventar, adorar, não gostar tanto, dar beijo de boa noite, dormir na casa da vovó, dormir na casa do primo, do amigo, fazer planos para o verão, jogar futebol na sala de estar, usar a estante como prédio, promover corrida de carreteis, lutas épicas de bonequinhos, ter muito medo, ter muita coragem, dar o dedinho e fazer as pazes depois das brigas, andar de mão dada com alguém, chorar quando uma coisa boa acaba, rir até doer a barriga, fazer amizade onde estiver, entender o que não entendia, guardar um segredo, pião, bolinhas de gude, passeio no bosque, colocar sozinho uma pipa no alto, descarregar até acabar a linha,  arrumar sozinho a corrente da bicicleta, abrir o relógio para ver como é dentro, classificar como o dia mais feliz da vida, o que pôde ficar até mais tarde brincando na rua...)

 quem desconfia de você; quem confia em você; de quem você desconfia; o que falta; o que sobra; o que distrai; o que completa; o que abre; o que fecha; o que mata; o que ressuscita; os sonhos dos outros; os seus sonhos; quem tratou as mulheres como objeto e agora tem 4 filhas; o vicio pela mágoa; o falso conforto passageiro da mentira; o medo da verdade; quem traiu agora tem ciúmes; a dependência dos sentidos; quem viu demais e cegou; quem foi carrasco e caiu nas mãos de um; quem tem olhos e não guia ninguém; o evitável; o inevitável; quem passou por você e só deixou o perfume em volta; ser feliz; ser prudente; ser bem sucedido; ser independente; ser campeão; ser preciso; ser valente; ser perfeito; quem não percebeu; quem se entregou; quem se rebelou; quem ouviu; quem aprendeu; quem deu a vida; quem tirou-a; o imperfeito; a desconfiança; alguém que você não reparou; a moça que quer casar e ter filhos; a moça que quer ir viver no campo; a mulher que perdeu o filho; quem não gosta de crianças; quem não gosta de cães; quem só gosta de gatos; quem coopera; quem come cru; quem santifica; quem embarca; quem pousa; quem te ajudou a levantar quando caiu; quem você derrubou; quem você ajudou a levantar; quem te derrubou; o estranho que estendeu a mão a outro estranho; quem deu lugar a quem precisava; o cheiro que te faz lembrar; quem doou o que não tinha; quem foi bote salva vidas; quem foi bigorna; quem foi balança; quem foi peso; para quem você cozinha; quem cozinha para você; quem foi e nunca mais voltou; quem nunca vai em lugar algum; quem parasita; quem voa; quem visita e retorna; quem anda armado; quem vai na contramão; o amigo que venceu; o amigo que não queria ver ninguém vencendo; quem floresce; quem enraiza; quem nada; quem chafurda; quem deixa a onda levar; quem rema contra o curso do rio; quem ri da ignorância; quem conhece; quem reconhece; quem vence; quem derrota; quem renasce; a sala que é pista de dança; a sala que é ringue; a bailarina; o cisne negro; o quarto gelado; o banho quente; o instrumento gasto de uso; o troféu enferrujado; o quarto empoeirado; quem ofusca; quem brilha; quem acredita; quem repele; quem se afoga; quem prende a respiração; quem fala demais; quem escuta mas não ouve; quem perdoa; quem compreende; quem ri; quem ajoelha; quem abre os braços; o corvo; a águia, o porco; a tartaruga; quem se contorce; quem se entrega; posição fetal; a solidão; o preenchimento; a completude; o infinito; o finito; quando chega; quando vai; quando volta; quem passa na rua...


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Ensaio sobre a cegueira, James, Maria Alcina e outras coisas...



Estou devendo a mim mesmo algumas resenhas das últimas coisas que li, assisti, ouvi...Isso importa? A mim sim. Gosto de escrever sobre coisas que estão fresquinhas ainda na memória, no coração. Mas tem coisas tão catárticas que as palavras se tornam quase que impotentes e ralas.
 




Sexta retrasada, dia 14, fomos depois do trabalho encontrar dois amigos queridos para um vinho rápido no Sesc belenzinho. Nem sabíamos qual seria o show da noite e acabei prestando atenção na passagem de som da banda, no lado de fora da Comedoria. Ao ouvir o vozeirão saindo das caixas, a grata surpresa de reconhecer a Maria Alcina. Surpresa maior saber que ainda tinham ingressos disponíveis e ainda mais quando meus amigos e Camila terem me presenteado com os ingressos. Noite linda, show magnífico, contagiante e pra cima. Com participações muito especiais de Guisado, Karina Buhr e Anastácia. Para quem talvez se lembre dela nos Qualé a MúsicaA véia mata a pau ainda. Ainda tem fogo na Bacurinha.








Um soco da boca do estômago. Depois um gancho de direita no queixo. Ainda não absorvi por inteiro essa obra intensa, impressionante e que me força a abrir os olhos e enxergar. Nossos maiores horrores somos nós mesmos. Humanos.



Não precisa se esquecer de Arcade Fire, de U2, de Radiohead, Oasis. Nem Led Zeppelin, Janis Joplin, Beatles. Cada uma tem sua obra, seu legado e seu séquito de fãs incondicionais. Mas nada impede a gente de buscar e por vezes encontrar maravilhosos tesouros esquecidos, ou escondidos. Tenho ouvido esse disco do James a vários dias seguidos e a cada vez me pergunto: Porque uma maravilha dessas é tão negligenciada? A humanidade precisa ouvir isso. Mas isso realmente importa? Não é um "disco para se ouvir antes de morrer", nem Top 10 da década (90), e experimente colocar no google? Nenhuma citação, nenhuma resenha. Isso impede de ser uma obra de arte pop linda e apaixonante? Não. E está aí para quem quiser. E eu quero.


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

people are people






E a vida é um Ka.
E é preciso ter olhos quando os outros os perderam...
Quem tem?

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Jupiter Crash


She follows me down to the sound of the sea
Slips to the sand and stares up at me
"Is this how it happens? Is this how it feels?
Is this how a star falls?
Is this how a star falls?"

The night turns as I try to explain
Irresistible attraction and orbital plane
"Or maybe it's more like a moth to a flame?"
She brushes my face with her smile
"Forget about stars for a while... "
As she melts...

Meanwhile millions of miles away in space
The incoming comet brushes Jupiter's face
And disappears away with barely a trace...

"Was that it? Was that the Jupiter show?
It kinda wasn't quite what I'd hoped for you know... "
And pulling away she stands up slow
And round her the night turns
Round her the night turns...

Yeah that was it
That was the Jupiter crash
Drawn too close and gone in a flash
Just a few bruises in the region of the splash...
She left to the sound of the sea
She just drifted away from me
So much for gravity...

The Cure - Wild Mood Swings álbum - 1996


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O que são 10 anos para o Universo? Ou mesmo 1.000? O que são anos-luz? Nossas vidas TÃO importantes não passam de um minúsculo lapso de tempo? 

...........

Uma letra perfeita para uma música idem. Às vezes damos importância desmedida para as coisas e pessoas. E sofremos demasiadamente por tantas coisas que poderiam ser mais simples de se ver. Tantas explicações e aflições e tão pouca sensibilidade e leveza...Depois endurecidos, sempre deixamos tudo a cargo do tempo amenizar...se pudéssemos ver com clareza sempre...;

Também muitas vezes por esperarmos coisas gigantescas demais, sonhadoras demais, longe demais!!! Acabamos não curtindo os "pequenos grandes" tesouros bem debaixo do nosso nariz.

enfim...Vale curtir os pequenos "brushes" em nossas faces todos os dias. Cada "colisão" e tudo em nossa órbita. Somos ao mesmo tempo como o cometa Shoemaker, e Jupiter, e...

Para Ian e Tiemi, por compartilharem comigo essa nossa colisão.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Donde? Donde Mário






Em tempos onde tudo é impessoal, tudo é visando só dinheiro, onde clientes são só consumidores, onde as comidas vendidas são só produtos de linha de produção, com ingredientes duvidosos e baratos visando gerar cada vez mais lucro, eis que me deparo com um pequeno e simpático oásis. 

Estou fazendo fisioterapia na Penha e hoje de manhã fomos de carro, Camila e eu, e o deixamos estacionado no Mercado Municipal da Penha. Na volta, passamos por lá para tomar café da manhã e optamos por experimentar uma empanada chilena. Já sabia da existência do lugar mas não tinha tido oportunidade de conhecer (ou não tenha criado essa oportunidade). Essa parada de meia hora me fez ganhar o dia. Sr. Mário, o proprietário, é a simpatia em pessoa. A meia hora de degustação e bate papo me fez sair inspirado e ainda mais convicto do que eu tenho que fazer daqui pra frente. Sério. 

Difícl foi escolher a empanada a ser abocanhada diante das variedades. 3 queijos, carne, bacalhau. Optamos pela de carne. Mário já nos ofereceu uma taça de vinho chileno. Cabernet sauvignon? Mas logo de manhã? Questionei. E ele com um sorrisão no rosto responde? Ué, qual o problema? É vinho! Faz bem. No Chile é muito comum. Opa! Vamos lá então. Mesa posta com molhinhos cheirosíssimos e apimentados também. Tudo aprovado com louvor. De quebra, ainda saí acordado e com olhos vidrados pelas pimentas dos molhos. E o vinho ficou sensacional acompanhando.

Ainda deu tempo de falarmos da Interlude (?!?!), Velhas Virgens (?!?!?!), que ele colocou uma banda ao vivo (tradicional chilena) para tocar na lanchonete e a velharada vizinha reclamou do "barulho". Ué, disse ele, em todo mercado de rua, de bairro, tem música ao vivo animando o ambiente. É comum no Chile, na Europa. Pois é Mário, pessoal aqui é conservador e babaca mesmo, e dizem que brasileiro é animado e cheio de musicalidade...falamos ainda de viagem ao Chile, onde se hospedar, que época é melhor para visitar, que ir de ônibus é muito agradável, com paisagens lindas e que dá para ir conhecendo os lugares.

Enfim, em tempos de shoppings, atendimentos frios, comidas sem gosto e por quilo, bom dias sem olhar nos olhos, automáticos, fica a dica de conhecer o Donde Mário, um lugar não badalado mas rico em histórias, sabores e vida.  Porque segundo ele, "Eu trabalho para viver e não vivo para trabalhar". E quando vai pro Chile, baixa as portas sem nenhuma cerimônia.

De um quadro pendurado na parede dele:

Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda

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Para chegar ao Donde Mário e suas magníficas empanadas, temos que cruzar o mercado, o que já é uma viagem inebriante de cheiros. Frutas, temperos diversos, queijos, grãos ...tem de tudo lá. Inclusive um empório com brejas, vinhos e queijos de dar água na boca.

Valem um visita. Um café da manhã e depois comprinhas com tudo fresquinho e com sabor.

http://www.mercadomunicipaldapenha.com.br/Box01.html

http://mercadodapenha.blogspot.com.br/2013/08/empanadas-chilenas-box-01.html



 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Não se faz mais músicas como antigamente...




Que bom!

Melhor do que só reclamar e nada fazer, é tirar a bunda do sofá e realizar. Criar, compor, tocar... Vamos parar de viver do passado, abrir os ouvidos, os olhos e o coração. Tem bandas boas nascendo sempre por aí.




http://screamyell.com.br/site/2013/12/31/download-50-discos-de-2013/


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

No cars go




We know a place where no planes go
We know a place where no ships go

(Hey!) No cars go
(Hey!) No cars go
Where we know

We know a place no space ships go
We know a place where no subs go

(Hey!) No cars go
(Hey!) No cars go
Where we know

(Hey!)
(Hey!)
(Cars go!)

(Hey!) Us kids know
(Hey!) No cars go
Where we know

Between the click of the light and the start of the dream
Between the click of the light and the start of the dream
Between the click of the light and the start of the dream
Between the click of the light and the start of the dream

I don't want any pushing, and I don't want any shoving.
We're gonna do this in an orderly manner.
Women and children!
Women and children!
Women and children, let's go!
Old folks, let's go!
Babies needing cribs, let's go!

Arcade Fire - Neon Bible

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

WAKE UP!

 
Vivendo na Matrix. Ou sonhando acordados...



Prestando um pouco de atenção na gente, nos nossos pensamentos, dá para descobrirmos momentaneamente o véu das ilusões que nos cobrem. De minuto a minuto. De segundo a segundo. Dia a dia, ano a ano e a vida inteira. Estamos sempre com a cabeça no mundo a lua, como dizem. No ônibus, no metrô. Até dirigindo um carro. No bar com os amigos. Em casa. Na frente da T.V. Com literatura de baixa qualidade. Com passatempos banais. Fazemos tudo isso no piloto automático. Fazemos tudo seguindo uma rotina determinada. Fazemos tudo baseados no que nos formamos desde a mais tenra idade. Nos nossos vicios e manias. Quando nascemos, não somos assim. Crianças são curiosas, destemidas e não aceitam explicações rasas. Querem saber a origem de tudo. Os porquês de tudo. Não tem preconceitos e não guardam rancores. Aí vamos crescendo e adquirindo medo de tudo. De experimentar, de perder o emprego, de ser ridicularizado em público, de fracassar em algo...Vamos aceitando as afirmações de "especialistas" e nos conformando com elas, sem nem estudar a fundo a veracidade. Julgamos os outros pela posição social, pelas roupas, pela cor da pele, pelos bens, beleza fisica...ou seja. Formamos a nossa famosa "personalidade". E é ela quem escolhe nosso partido político, nosso amado time de futebol, o gosto por vestidos ou calças, o corte de cabelo, tipo de música, ou tribo que faz parte. (e temos orgulho disso tudo. E brigamos por isso tudo).

e assim somos. E ainda nos vangloriamos disso. Nos apaixonamos por atrizes e atores de filmes e elegemos nossos ídolos nos esportes, na música, nas novelas e agora torcemos por um Big Brother. Tudo casca do que realmente somos na essência. Somos influenciados direta e fortemente pela sociedade ao redor. Pelo modus operandi. Pelo Status Quo. Por nossos pais, pelas escolas e professores, pelos amigos, pelo trabalho, pela igreja, pela T.V. Sempre me pergunto se seria a mesma pessoa se tivesse nascido e vivido na Somalia. Ou Tibet, Iemen ou Sibéria, Islandia ou interior de Alagoas ou Rio Grande do Sul. Com certeza muitas coisas seriam diferentes mas não na essência. Meu time de futebol seria diferente, assim como meu gosto por comidas, vestimentas e músicas. E eu só estaria sonhando acordado com outras coisas...No fundo, tudo mesma coisa, só mudariam as cores.

Como vivemos sonhando acordados, isso vai refletir diretamente nas nossas ações. Materializamos nas nossas vidas esses sonhos "falsos", induzidos. Plantados. Nos ensinam que felicidade é ter bom emprego e dinheiro. E carro bacana. E sonhamos com isso. Com esforço, materializamos o sonho e ele se torna realidade. E depois de conquistar essas coisas, percebemos que ainda nos falta algo. Que certos vazios continuam.
Hoje em dia, as influências externas estão ainda mais fortes; Tudo está amplificado pelas tecnologias, blogs, e-mails, SMS, twitter, facebook congestionados por milhões de teorias e opiniões sobre tudo. Um pandemônio. É todo mundo especialista em tudo. Desde política internacional até física quantica.

Exercício: Paremos agora o que estamos fazendo e nos concentremos no que estamos pensando. E no que estava pensando a um minuto atrás. Na maioria das vezes nem lembramos, tamanha a quantidade e futilidade dos pensamentos. A mente está sempre, sempre, 100% do tempo, navegando sozinha, sem dono. sem comandante. Estranho não é? Os pensamentos e imagens vêm e vão sem parar. Não conseguimos dominar e focalizar em algo. Sempre vem outro pensamento louco atropelando. Quer um exemplo?: Estamos em pé no ônibus voltando para casa, pensando se tem comida pronta ou temos que fazer. Lembramos que tem carne no congelador. Porém tem que descongelar e vai demorar. Aí lembramos que comemos uma porção bem gostosa num bar na sexta passada e que a noite inteira foi bem agradável. Tocou até uma música que você gosta muito e fazia tempo que não escutava. Daquela banda que vai fazer show ano que vem aqui e você talvez não tenha dinheiro para ir. Porém até lá talvez você já esteja em outro emprego e ganhando melhor, aí poderia ir no show. Daria ate para comprar um carro mais novo. Porque ter um carro é bom. Dá para ir para a praia sempre que quisermos. Qual foi a última vez que fui na praia mesmo? Quem estava comigo? Ah, tal pessoa. faz tempo que não vejo ela, aliás acho que a última vez que a vi foi na praia mesmo....etc...etc...etc...e assim vai, vai, vai...uma coisa boba levando a outra coisa boba. Os pensamentos vão indo. vagando...Sem fim. E nos distraímos eternamente. E não focamos em nada. E vamos fugindo dos assuntos sérios e pertinentes. De sentir profundamente o que está dentro de nós. Anseios ou intuições. Inspirações. Razões. De pensar nas nossas atitudes do dia a dia e de como reagimos diante de desaforos, elogios ou criticas. E dá preguiça (pecado capital) focar em algo. A gente não tem forças nem para segurar um pensamento. Nem para dominá-lo e investigá-lo. Cansa, a principio. Isso é porque não estamos habituados, não fomos educados assim. Fomos treinados para sermos dispersos. Nem quando comemos prestamos atenção e o pensamento vai longe do mesmo jeito. Não sentimos cheiros e nem percebemos o que comemos direito. Só importa comer rápido e muito (gula) e voltar a alguma atividade corriqueira. mas aprender a pensar é questão de educar-se para isso. Treinar mesmo. Igual a ir numa academia de ginástica depois de muito tempo sem atividades físicas. Nos primeiros dias, os músculos ficarão doloridos. Depois se habitua. Ganha elasticidade. Pensar com foco, ou meditar, refletir, filosofar ou qualquer nome que se dê, também é questão de "desenferrujar" os músculos do intelecto e dá-los elasticidade.

Outros exemplos de como somos extremamente sugestionáveis e vulneráveis.: - A gente vê uma briga na rua, paramos e damos uma "espiada". Em poucos segundos a gente já se vê torcendo para algum dos lados da briga. Julgamos em segundos quem está certo e errado. E já nos agitamos até mesmo fisicamente. Já nos tensionamos, os musculos e o bombeamento de sangue já ficam alterados... Seja por qual razão obscura, torcemos para alguém ou alguma coisa acontecer. Dá vontade de entrar na briga. E não raro, sempre tem gente que entra em briga alheia. Taí um dos motivos de sucesso de um UFC (Ira). E somos "fisgados" por dezenas de cenas diariamente. Massivamente. Por pessoas atraentes, oras...Nem conhecemos a pessoa e já somos atraídos fisicamente por ela. E esse fisicamente se torna na imaginação às vezes o ato em si (luxúria). Também imaginamos se ela tem ideias iguais aos nossos, se gosta das mesmas coisas, e puf! já estamos sonhando acordados de novo.
Lembrando que o que fantasiamos, as cenas mentais que inventamos é tratado pelo corpo como reais. As reações são iguais. O que fica na memória, o desperdício de energias, são reais também.

Tudo isso também nos faz não viver o presente. Estamos sempre remoendo o passado. Sejam as glórias ou rancores. Ou sempre planejando um futuro utópico, sem alicerces, sem planejamento sério. E o único momento em que podemos fazer algo, agir, é no presente.

E é isso o que sempre quero dizer sobre vivermos na Matrix. Vivermos na ilusão. Andando e sonhando sem parar. Há muitíssimos filmes, livros, peças de teatro e até músicas versando sobre isso. São ótimas alegorias. Mas também não deixam de serem agentes de distrações. Mesmo um filme sublime do Kubrick ou Woody Allen ou Kurosawa.

Estamos afundados em sentimentos falsos, enganadores e irreais. Orgulhos e apegos sem sentido algum. Apegos por pessoas, situações que não agregam valor em nada. Somos viciados até em sentimentos. E tudo isso, além de ainda deixarem enterrados nossos verdadeiros valores, trazem à tona os egos e orgulhos. Começar a surpreender esses pensamentos vagueando, pegá-los de calça curta já é um bom começo para começar a trabalhar nisso. Pegar ainda na garganta aquele sapo engolido por ter ouvido um desaforo. Perceber na hora qual sentimento foi ferido e porque. Chegar na origem da ira, da inveja, da luxúria, da gula, do ciúme....Isso é começar a revolucionar a dialética das coisas e transformar as impressões que nos chegam. Isso é se reeducar radicalmente. Pararmos de nos sentirmos injustiçados. De tanta auto-piedade. Somos exatamente iguais aos grandes mestres e sábios que já pisaram na Terra. Nada de diferente no quesito oportunidades. Afinal, estamos vivos, somos inteligentes, fortes e temos livre arbítrio para fazermos o que quisermos. Seguir na onda dos ignorantes, ou criar forças para fugirmos da farsa que nos tornamos. E remar contra a correnteza. Se é fácil? Claro que não. Nunca foi e nunca será. O caminho é longo pra caramba. Espinhoso e pedregoso. E estreito. Mas toda jornada, por maior que seja, começa com o primeiro passo. "Mais fácil um Camelo passar por um buraco de agulha do que um rico chegar ao céu."

A vida é curta, muito curta para se perder tempo e energia com babaquices e coisas fúteis. Temos que resgatar a criança que fomos e está trancada dentro da gente ainda. Ela está vivinha e cheia de força. Mas trancada dentro dos nossos orgulhos, do nosso cinismo e egos maléficos. Resgatar aquele jovem cheio de esperanças, de sonhos, energia e ambições bacanas que se perdeu nesse mundo competitivo e invejoso. Reducionista. Que nos faz achar que somos números. Que nos fez e faz viver os sonhos alheios. E seguir caminhos que não escolhemos. Um mundo que não nos educou da forma certa. Somos especiais e poderosos. Mas não mostramos isso nem pra gente mesmo. Nem sequer experimentamos esse poder. Só que olha só: Mesmo assim, nós percebemos que fomos enganados e temos força para mudar tudo. É só abrirmos os olhos e acordarmos para a vida! Já!