terça-feira, 27 de agosto de 2013

ARTE



Sou quase completamente leigo no que se refere a história da arte, seus movimentos e períodos, seus expoentes. Quando vejo um texto na minha frente, até leio e gosto, mas nunca me aprofundei. Agora Ian está estudando na escola tudo isso e me conta essas coisas e fico fascinado. Gosto dos famosos: Dali, Picasso, Munch, Gogh, Portinari... e claro Da Vinci e Michelangelo. Descobri recentemente Johfra e fiquei de queixo caido.

Enfim, fomos visitar a exposição Mestres do Renascimento, no Centro Cultural Banco do Brasil e fiquei realmente impressionado e até emocionado. Também pela importância histórica, claro. Obras do século XV, XVI bem diante dos meus olhos. E é um deleite. Minha "leiguice" não me impede de contemplar essas obras incríveis e muitas reflexões me veêm à mente: - Como isso pode sair da mente humana, de mãos humanas? Como obtinham tintas de cores tão vivas e que resistem ao tempo? Cada sombra, cada detalhe, profundidade e expressão com precisão assustadora. E pensar sobre  os personagens e cenas...São reais? São apenas representações? Porque mereceram serem modelos e inspirações desses artistas? E os portugueses nem haviam pisado aqui ainda...

É para refletir. E sentir e entender. Aos poucos. E fazendo isso será que nos descobrimos também? Serão nossos espelhos?

Enfim, arte. Seja ela auditiva, teatral, escrita, esculpida, filmada ou pintada. Complexa ou minimalista. Digital ou orgânica. Não importa a ferramenta, a forma ou material usado. Me parece que a matéria prima está em nossas mentes e corações. 10% como dizem. Porque os outros 90% são suor.

E como diz meu amigo Edú, Não seria Deus um Luthier?






segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Aprendendo como uma criança...e cavando na selva de pedra.



Crianças aprendem muito rápido qualquer coisa. Na velocidade da luz. Quando a gente cresce, vamos perdendo essa capacidade. Responsabilidades, contas, conquistas materiais, preguiças e infinitos condicionamentos de todos os lados. Familia, sociedade, trabalho...

E se a gente se permitir, podemos estar a todo tempo aprendendo. Como uma criança, ter olhos novos para tudo. Tudo o que já estamos cansados de saber, ou achamos que sabemos, pode se transformar completamente em algo muito novo e maravilhoso. É olharmos por outro lado. Nos permitir levantar o véu dos nossos preconceitos idiotas e idiotizantes. E com isso, podemos ganhar amigos, oportunidades, um pouco mais de cultura e tantas coisas. Quando a gente perde uma coisa ruim, um sentimento ruim ou pensamento equivocado, automaticamente "ganhamos" seus equivalentes opostos. Ganhamos mais leveza e felicidade. Em vez de rancor, compreensão, em vez de raiva, compaixão, etc...

Nesta cidade cinza que é São Paulo, é muito fácil endurecermos nossos corações. Metrôs e ônibus lotados. Vias congestionadas. Todo mundo irritado, estressado, apressado. Parece que somos todos robôs correndo pra lá e pra cá. Correndo atrás do próprio rabo. Tem como fugir disso tudo? Só se mudar de cidade, país...Quer continuar aqui? Então vamos aprendendo a sossegar um pouco.  A enxergar diferente.Ter um pouco mais de solidariedade e olhar as coisas com mais calma. E perceber que a frase gentileza gera gentileza é pura verdade. Experimente. E não tiver retorno, o problema não será seu. Definitivamente.

Passei por umas pequenas experiências nas últimas semanas que me acordam e me sacodem. Ajudam a entender meu preconceito, minhas visões erradas de um montão de coisas.

Cena de Metrópolis - 1927 - Fritz lang

  - Dias atrás, me encontrei com a namorada depois do trabalho para irmos para casa. Resolvemos comer alguma coisinha pelo centro velho de São Paulo afim de esperar as conduções, metrô e ônibus, esvaziarem um pouco. Em questão de 2 horas apenas, tudo estava transformado. A multidão, toda a aglomeração e correira estava dissipada. Ônibus e metrô tranquilos. Fiquei pensando, como pode? As pessoas saem correndo freneticamente do trabalho para casa, esbarrando umas às outras, amontoando-se, quando não empurrando, para quê? Chegar em casa para se esparramar no sofá e engolir a janta assistindo Datena, Jornal Nacional? Resumos de tragédias do dia? Novelas? Facebook? Estamos realmente satisfeitos por termos dinheiro para pagar Speed e TV a Cabo? É esse nosso objetivo? Ficamos satisfeitos contando as "curtidas" a mais? Enfim, passeamos pelo mosteiro São Bento todo iluminado e imponente. Tiramos fotos (turistas na própria cidade?) e, andando a passos de tartaruga pelo "perigosíssimo" Viaduto Santa Ifigênia, nos deparamos com um rapaz sentado tranquilamente no meio fio no viaduto com seus amigos. Um humano e outro um lindo Husky Siberiano. Paramos para afagar o dog, mansinho, e descobrimos uma linda história de como o rapaz salvou o então cãozinho da morte (literalmente, já que queriam sacrificá-lo), na rua, a 14 anos atrás e que eles são inseparáveis desde então. Fico grato de ter escutado essa história.

- Às pessoas têm medo de tudo. A TV nos deixa assim...Por exemplo: Gosto de ir de vez em quando à estadios assistir ao meu Santos. Vou com meus filhos. Nunca presenciamos nada, absolutamente nada do que a TV insistentemente nos mostra. As violentas brigas e arruaças. Não estou falando que não existem, claro que sim, mas vamos pensar um pouco: Quantos jogos tem na cidade por ano? E em quantos teve algum episódio de violência? Poucos (Também acho que não deveria ter nenhum, mas...). Uma manchete no jornal dessa maneira chamaria nossa atenção? (Jogo de ontem no Pacaembú foi tranquilo, com torcedores se respeitando e voltando serenamente para casa). Claro que não. O que vende é o drama. A tragédia! E quando vamos ver ao vivo, percebemos que isso não é toda a verdade. E com isso vamos tendo medo de tudo! Desconfiamos de tudo. Que andar na rua é uma guerra. E saímos preparados para a guerra. E nesse estado de espírito, realmente um simples encontrão na rua pode virar uma guerra.

- Andar na cidade aos sábados e domingos é uma delícia. Tem ferinhas e gente bacana andando nas ruas, de bicicleta, a pé, com cãozinhos...O falfadado Minhocão vira um festival de artes a céu aberto. Tem projeção de filmes nas paredes dos prédios e dezenas de bandas de Jazz, Black, Reggae e Rock tocando ao vivo no asfalto...com os ambulantes vendendo Heineken e Stella Artois a preços justos. hehe. Vale uma passada ali embaixo do viaduto, na saída do Metrô Marechal Deodoro, na padaria Palmeiras e experimentar um pedaço de pizza da casa, que mais parece uma torta.

- Já falei da rede SESC aqui e volto a dizer. Que lugar sensacional. Cheio de shows, peças e exposições incríveis, gente que sabe conviver e dividir os espaços, solícitas...e as comedorias tem maravilhosas guloseimas a preços populares. Domingo fomos passear por lá. Sem planejamento. Descobrir alguma coisa por lá mesmo. E descobrimos na biblioteca, vários livros que procurávamos em outros lugares e não achávamos. E até livros novos e interessantíssimos. Trouxemos emprestados. Mas mais legal ainda foi na volta, no Metrô Belém. Ao chegar na plataforma, ouvimos o som de um piano (Para quem não conhece, o metrô de SP tem alguns pianos à disposição do público e faz rodizio entre as várias estações). Subimos as escadas e ficamos lá apreciando um transeunte extraindo coisas maravilhosas do instrumento. Melhor? Uma senhorinha deficiente visual debruçada exalando emoção. Até arrisquei umas coisinhas (The Cure e Coldplay, oras...rs) e a senhorinha também tocou. Conversando com o rapaz, descobrimos que seu instrumento Nº 1 é o violino. Também falamos sobre como nosso preconceito é tão enraizado na gente e nem percebemos. Pois ele estava de bermuda e a gente nunca imaginaria que tocasse tão bem piano. (Aliás, como deve se vestir quem toca piano?rs). Ele até arrumou um professor de piano para a senhorinha.! Um amigo dele, também deficiente visual e que dá aulas de piano, com partitura e tudo! Tudo se encaixou. Perfeito.

- Tem gente que insiste em dizer que tudo antigamente era melhor...eu não ligo para isso e assisto com deleite ao show da Banda pernambucana Volver, que faz um pop simples e vigoroso, ao filme novo do maluco Michel Gondry, racho o bico lendo o novo de tirinhas do Carlos Ruas, O Boteco dos Deuses, descubro uma livraria incrível ali nos arredores da caótica Praça da Sé e que agora vai "concorrer" com minha livraria favorita ali na Av. São João, do qual o dono já me considera amigo. E eu também.

- É isso, se a gente se permitir um pouquinho, podemos ver beleza e vida mesmo dentre esse cimento todo.

E já tem gente me chamando de fresco agora, e eu fico feliz em concordar. Muito bom estar fresco, aos poucos mais revigorado e saindo do torpor de anos. E minha meta é ficar ainda mais, quem dera com a energia e disposição de uma criança. E claro que podemos nos permitir jogar-nos no sofá. Mas que seja muito mais de cansaço do que de preguiça.

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Em tempo:  O Sesc Belenzinho vai receber exposição incrível do Sebastião Salgado. Do último livro, o majestoso, impressionante e sugestivo Gênesis. À partir de 04 de Setembro. GRÁTIS!

Músicas que andam fazendo minha cabeça:

- The XX - Eles estão no 2º disco, tão bom quanto o 1º. 
- Dead can Dance - A volta dos mortos que podem dançar está deslumbrante, como sempre.
- The Next day - O tiozinho manda ver com vigor de adolescente. Impressionante. E o que é aquele clipe de Next Day, a faixa título. Afe! Tiozinho Bowie volta profano e polêmico. Ainda atuando com Gary Oldman? 
- O novo do Depeche ainda não desceu redondo, assim como o do Jonhny Marr...Vou deixá-los ali maturando e depois volto neles.
- Já ouviu The Field? Viagem eletrônica das boas.
- E descolei umas músicas do Kraftwerk dos primordios, com bateria acústica (?!?!!?) e clarinete (?!?!??). Curiosidade e doidera esquisóide das boas. hehehe...Quem quiser, tá aqui: http://rraurl.com/resenhas/6346/O_Kraftwerk_pre-historico. Aliás, esse site é coisa fina demais...dá para ficar horas navegando!

Filmes assistidos ou re-assistidos (que valem muito, mas muito a pena):

- Sociedade dos Poetas Mortos - Sempre atual e muito emocionante;
- Peixe Grande, do mestre Tim Burton; Acho que meu preferido dele.
- Espuma dos Dias, do malucão Michael Goldry e com a eterna Amelie, Aldrey Tautou.
- A árvore da vida; para mim, a maior obra de cinema de todos os tempos e em todos os sentidos. Mas não é bem um filme, é uma meditação, uma reflexão, uma....não sei o que dizer dele. Aliás, indico para quem assistiu ou não, essas duas matérias:

http://g1.globo.com/platb/zecacamargo/2011/08/22/o-comico-e-o-cosmico/

http://ultimato.com.br/sites/guilhermedecarvalho/2012/03/30/como-assistir-a-arvore-da-vida-de-terrence-malick-3/

Sim, Zeca Camargo. Tem algum preconceito? rs

Bye!
Samuel